Ensinar para aprender...

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

REFLEXÕES DA PRÁTICA DOCENTE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – 
POLO BALNEÁRIO PINHAL
2014 


REFLEXÕES DA PRÁTICA DOCENTE



Por: Fernanda Almeida Agliardi

Introdução: 

No presente trabalho iremos mostrar como é fundamental termos uma visão mais ampla de nossa educação, como a mesma é complexa e rica de possibilidades, na medida, que a encaramos com responsabilidade e respeito, pois é o educador que precisa ter a responsabilidade e respeito em seu fazer pedagógico para garantir que ambos, educador e educando possam construir de forma significativa a construção do conhecimento, que acontecerá através de uma postura responsável do educador.
Neste estudo iremos apresentar como o caminho entre ensinar e aprender é rico, pois aprendemos e ensinamos em vários momentos de nossa existência, e na escola é fundamental termos e darmos significados a nossas ações pedagógicas, neste estudo será realizado uma reflexão sobre a docência e seus desafios, bem como, as demandas que se possui na caminhada rumo ao conhecimento, a importância do significado dos assuntos, importância do diálogo, da ludicidade, dos jogos, da brincadeira, da pesquisa sobre a realidade do outro e também a nossa realidade enquanto sociedade, todas estas questões estarão em contato com os nossos pensadores, refletem em nossas práticas pedagógicas, dando um norte a nossa docência. O estudo será apresentado contendo subitens onde serão feitas as reflexões sobre a docência e suas variáveis. 

PALAVRAS CHAVES: Planejamento, flexibilidade, conhecimento, lúdico, sensibilidade.


Conhecendo a turma e a realidade para contribuir para aprendizagem 

É muito importante conhecer a realidade e entorno da escola, para assim iniciar sua caminhada rumo a uma docência responsável, ao iniciar meu estágio já tinha uma boa relação com a escola, pois sou parceira dela desde o inicio do curso, isso ajudou muito para meu inicio na escola, onde conhecia os colegas. Ao iniciar meu estágio percebi muita coisa que só estando frente a uma turma é que percebemos. Planejamentos são importantes mais precisam ser flexíveis, pois, assim podem sanar certas dificuldades que aparecem ao longo do trabalho ao longo do estágio busquei significar situações para que o assunto trabalhado tivesse sentido concreto, a realidade do educando e assim busquei significar os assuntos, pois nós sujeitos só damos significados as coisas quando percebemos que fazem parte de nosso conhecimento de mundo. “O homem para conhecer as coisas em si, deve primeiro transformá-las em coisas para si.”(K.Kosik, Dialética do concreto,p.22)
É assim que percebo o conhecimento significativo, nós seres humanos, temos a real necessidade de sentir, tocar, olhar, conhecer aquilo que estamos sendo, apresentados, isto é, nosso e como perdemos isso quando chegamos as nossas salas de aula, como pensamos que seremos significativos para nossos alunos, quanto planejamos aulas de maneiras frágeis e muitas vezes sem atração, buscando não cair nesta realidade muito comum de nossas escolas, busquei fazer diferente, planejei aulas que vinham de encontro com os ”conteúdos” estabelecidos pela professora parceira, mas com um viés diferente um olhar mais lúdico e com ações mais participativas entre o grupo, pois acredito na grande importância que possui o trabalho coletivo, pois como um ditado popular duas cabeças pensam melhor que uma, neste sentido trabalhei muito o coletivo e o individual. 

O planejamento como ferramenta importante no processo de ensino aprendizagem

Este precisa ser altamente motivador para o sucesso acadêmico de seu educando.
"Planejar é pensar sobre aquilo que existe, sobre o que se quer alcançar, com que meios se pretende agir." (OLIVEIRA. 2007. p.21).
(...) "situação orientadora inicial: é a criação de uma situação motivadora, aguçamento da curiosidade colocação clara do assunto, ligação com o conhecimento e a experiência que o aluno traz, propor- sição de um roteiro de trabalho,formulação deperguntas instigadoras."(...) (J.C. LIBÂNEO, Democratização da Escola Pública, p.145)
Iniciei meu estágio buscando levar em conta a realidade de minha turma parceira juntamente com a realidade da escola. Ao iniciar meu estágio busquei planejar minhas aulas de forma responsável, pois daria continuidade aos assuntos trabalhados pela a professora parceira, ao entrar em sala para observá-los pude perceber como era a turma e seus ritmos individuais e coletivos, quando iniciei a docência pude colocar em pratica meu planejamento,busquei dar a ele a flexibilidade e ludicidade levando em conta a realidade escolar e dos educandos, pois planejar é fundamental para sabermos o que queremos efetivamente com tal assunto proposto. Quando falo de flexibilidade no planejamento me refiro ao fato de efetivamente do mesmo ser construído de forma que contribua para o ensino aprendizagem, nele precisam ser levados em conta o tempo e o ritmo de cada educando e isso foi evidenciado em meu planejamento, que contemplou ações lúdicas, concretas e diálogos, porque todo o planejamento precisa ter a intencionalidade da ação para a construção do conhecimento.
“O planejamento enquanto construção-transformação de representações é uma mediação teórica metodológica para ação, que em função de tal mediação passa a ser ... consciente e intencional. Tem por finalidade procurar fazer algo vir à tona, fazer acontecer, concretizar, e para isto é necessário estabelecer as condições objetivas e subjetivas revendo o desenvolvimento da ação no tempo.” VASCONCELLOS,Celso.2005 

Portanto o planejamento precisar estar atento nas necessidades dos alunos, potencializando a construção do conhecimento, pois é planejando que fazemos uma reflexão sobre o que queremos tal assunto e como iremos contribuir para o ensino aprendizagem de nossos educandos, pois o sujeito é profundamente especial neste processo como nos diz Freire: “Na relação ensino e aprendizagem a primeira exigência são as pessoas, depois vêm as técnicas”. (FREIRE,2005 pedagogia da autonomia p135) 

O olhar sobre as ações

Ao iniciar minha docência, procurei realizar ações significativas que levassem em conta o que o aluno trazia consigo sobre o assunto, após este momento busquei através de meu planejamento proporcionar que os assuntos fossem significativos para o grupo, houve um assunto em especial” sistema monetário” onde iniciei este “conteúdo” com eles, apresentei o sistema monetário brasileiro, as várias moedas que existiram ao longo do tempo, esta atividade em meu planejamento tinha como intencionalidade que eles conhecem o dinheiro, bem como, seu valor, ao longo do trabalho falamos sobre os itens que constituem uma cesta básica, cesta esta, muito utilizadas pelas famílias, pois muitas são carentes e ganham cestas pela prefeitura municipal, esta atividade tinha como intenção que o educando percebesse o valor dos alimentos e quanto era gasto pelas famílias para garantir o mínimo necessário para seu sustento, “Porque engajada na formação de educandos, não é possível à escola alhear-se das condições sociais culturais, econômicas de seus alunos, de suas famílias, de seus vizinhos”(FREIRE,2005 pedagogia da autonomia).
Esta atividade foi muito significativa para a turma, pois além de conversarmos sobre os alimentos e valores fizemos uma saída de campo onde eles puderam pesquisar e fazer a relação custo benefício sobre os alimentos, esta atividade foi muito elogiada pela a escola parceira e também pelas famílias, porque as crianças passaram a pesquisar os preços e assim ajudar na hora da compra.
Ao ver o final desta atividade senti-me muito contente com o resultado, pois vi as famílias participarem das pesquisas. Durante meu estágio fui visitada por algumas famílias para elogiar o trabalho, outros foram para me conhecer, pois seus filhos falavam de mim em casa, isso, confesso me deixou muito contente, pois pude ser significativa para a turma, e assim aconteceu em outras ações como o bingo que fizemos com antônimos e sinônimos, as reflexões em ensino religioso entre outras, nestas ações busquei dar sentido a todos os assuntos propostos e pude observar os avanços da turma aqueles que eram mais tímidos passaram a participar e sentir-se parte importante deste processo.
Acredito que o fato de ter feito um planejamento lúdico e participativo com meus alunos os ajudou a sentirem-se confortáveis para participarem, exemplo: havia uma aluna muito tímida que não falava muito e pouco participava, comecei aos poucos conversar e estimular a sua auto- estima, pois a mesma dizia não saber ler direito, que nada sabia, mas sentia muito vergonha de se expor ao grande grupo e assim passei a trabalhar com a oralidade em grande grupo e assim conseguimos todos ajudar a coleguinha a ficar mais confiante para expor suas ideias sobre os assuntos. De contra partida tinha um aluno que não parava quieto estava sempre andando pela sala, mostrava muita dificuldade de concentração e seu tempo era curto logo se distraia com outras coisas, pensando nele busquei delegar função como ser ajudante da turma e cuidar dos colegas, procurei dar mais ludicidade as aulas, porque assim
chamava sua atenção isso foi muito importante para que ele participasse das aulas, vejo que observar e efetivamente olhar meus alunos, fez com que eu pudesse perceber as especificidades de cada um e pude com isso fazer meu planejamento de forma coerente e colaborativa para o processo de ensino aprendizagem.“O formado, desde o principio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.” (FREIRE, 1996, p. 22)
Ao longo do curso foi possível ter acesso a vários documentos como o Projeto Politico Pedagógico, que nos orienta, quanto ao trabalho pedagógico, é a peça fundamental, ele regulamenta as práticas e as posturas da escola, ao longo do estágio busquei estar atenta ao que rege a escola, tendo sempre em vista o que diria o PPP da escola, o mesmo tem como objetivo preparar o educando para vida, pois quer que ele seja um ser pensante e critico sobre sua realidade. E pensando nisso busquei fazer com que os educandos pensassem sobre nossa realidade enquanto sociedade, em todas as áreas do conhecimento é necessário, termos esta postura reflexiva sobre nossa Cidade, Estado, País, relacionando-o com a nossa vida enquanto sujeitos de nossa própria história. 

A contribuição do lúdico para o processo de ensino aprendizagem. 

Ao iniciar sua docência é preciso pensar que neste momento, você estará em contato com diferentes sujeitos, que pensam diferentes, que possuem tempos e ritmos diferentes e que, portanto, sua postura contribuirá ou não para a aprendizagem de seus educandos, o simples fato de escolher uma atividade não é simples na medida, que você precisará ter ações para que esta aprendizagem aconteça, então é nesta hora que é importante buscar estratégias que possibilite que a aprendizagem aconteça de maneira satisfatória. Portanto, chegamos na contribuição que o lúdico nos traz.
É comum ao entrarmos em uma escola de educação infantil, observarmos todas as crianças brincando, fazendo rodas de leituras com suas professoras, utilizando sua coordenação motora ampla e fina e realizando jogos simbólicos, e porque perdemos isto quando estamos nas series inicias? Por que nos prendemos tanto nos currículos e esquecemos que este momento é fundamental na construção social e cognitiva de nossos educandos? É comum isso acontecer queremos que eles correspondam as nossas aulas, mas muitas vezes deixamos nossas aulas entediantes, pois não damos sentidos concretos
a elas é neste sentido que ao planejar as ações o professor precisa estar atento as grandes possibilidades que temos, uma simples maneira de organizar uma turma em circulo fará diferença na hora da leitura, ao iniciar meu estágio, busquei fazer isso, fazer leituras em roda, jogos, saídas de campos, usar a tecnologia em prol do conhecimento, ser mais lúdica em minhas ações, pois assim a turma podia participar de maneira efetiva da construção da atividade e por contra partida aprendia de forma significativa, porque era parte integrante desta construção.
Portanto é necessário pensar em situações que favoreçam a aprendizagem e isso não significa termos matérias de última geração, se tivermos muito bom, mas não é isso que determinará minha prática, mas sim meu comprometimento e sensibilidade frente ao processo de ensino aprendizagem. 

Considerações finais

Durante minha docência busquei colocar em prática toda minha vivência acadêmica, todos os textos lidos informações adquiridas e trocas com os colegas, que nos faz refletir sobre qual educador queremos ser, aquele que é engessado pelo currículo, ou aquele que o adapta a sua realidade e busca estratégias próprias para assegurar o conhecimento, a segunda possibilidade é a que melhor se encaixa ao perfil de educadora que pretendo ser e a que se faz necessária na medida da evolução das tecnologias, que faz com que os educadores sejam pesquisadores de suas próprias práticas docentes, pois, se não serão ultrapassados pelas bagagens de vida de seus educandos, enfim, é necessário que o educador seja observador, pesquisador, motivador, inovador de sua prática em quanto sujeito colaborador da construção do conhecimento.
Enfim, para se atuar na educação o educador precisa ser sensível a sua prática, pois assim sensibiliza á todos que fazem parte, sejam eles educadores, educandos, família e comunidade escolar, pois estes são fundamentais quando pensamos em ensino significativo e de qualidade.
“O homem sente: SENTE a Primavera. E o sentir e viver a vida são valorizados: “gostaria de ver vir junto de mim (...) uma jovem (...) com os seus olhos e o seu espírito intrepidamente curiosos, com a sua inteligência e o seu bom senso intactos e que soubesse principalmente sentir e viver a vida” (FREINET, 1969, p. 61).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS

BRASIL. MEC – Ministério da Educação e Cultura. Trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos – Avaliação e Planejamento – Caderno 4 –SECAD – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – 2006.
FREINET, Celestin. (1969): A educação pelo trabalho. Lisboa: Editorial Presença (1o Volume).
FREIRE, Paulo. (2005): Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31. Ed. São Paulo: Paz e Terra.
FUSARI, José Cerchi. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas indagações e tentativas de respostas. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_08_p044-053_c.pdf.> Acesso em 22/06/2014.
HOFFMANN, Jussara M.L. Avaliação: mito e desafio-uma perspectiva construtivista.
Educação e Realidade, Porto Alegre, 1991.
LIBÂNEO, José Carlos, Didática. São Paulo. Editora Cortez. 1994
MENEGOLLA, Maximiliano. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como planejar? 10ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
MORETTO, Vasco Pedro. Planejamento: planejando a educação para o desenvolvimento de competências. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In Revista de Educação AEC Brasília: abril de 1992 (n.83).
VASCONCELLOS, Celso. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995.
SILVA, Rogéria Novo da Silva. Quefazeres necessários à docência:
imperativos à formação permanente. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPel, 2013.

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