UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL –
POLO BALNEÁRIO PINHAL
2014
REFLEXÕES DA PRÁTICA DOCENTE
Por: Fernanda Almeida Agliardi
Introdução:
No presente trabalho
iremos mostrar como é fundamental termos uma visão mais ampla de nossa
educação, como a mesma é complexa e rica de possibilidades, na medida,
que a encaramos com responsabilidade e respeito, pois é o educador que
precisa ter a responsabilidade e respeito em seu fazer pedagógico para
garantir que ambos, educador e educando possam construir de forma
significativa a construção do conhecimento, que acontecerá através de
uma postura responsável do educador.
Neste estudo iremos
apresentar como o caminho entre ensinar e aprender é rico, pois
aprendemos e ensinamos em vários momentos de nossa existência, e na
escola é fundamental termos e darmos significados a nossas ações
pedagógicas, neste estudo será realizado uma reflexão sobre a docência e
seus desafios, bem como, as demandas que se possui na caminhada rumo ao
conhecimento, a importância do significado dos assuntos, importância do
diálogo, da ludicidade, dos jogos, da brincadeira, da pesquisa sobre a
realidade do outro e também a nossa realidade enquanto sociedade, todas
estas questões estarão em contato com os nossos pensadores, refletem em
nossas práticas pedagógicas, dando um norte a nossa docência. O estudo
será apresentado contendo subitens onde serão feitas as reflexões sobre a
docência e suas variáveis.
PALAVRAS CHAVES: Planejamento, flexibilidade, conhecimento, lúdico, sensibilidade.
Conhecendo a turma e a realidade para contribuir para aprendizagem
É muito importante conhecer a realidade e entorno da escola, para
assim iniciar sua caminhada rumo a uma docência responsável, ao iniciar
meu estágio já tinha uma boa relação com a escola, pois sou parceira
dela desde o inicio do curso, isso ajudou muito para meu inicio na
escola, onde conhecia os colegas. Ao iniciar meu estágio percebi muita
coisa que só estando frente a uma turma é que percebemos. Planejamentos
são importantes mais precisam ser flexíveis, pois, assim podem sanar
certas dificuldades que aparecem ao longo do trabalho ao longo do
estágio busquei significar situações para que o assunto trabalhado
tivesse sentido concreto, a realidade do educando e assim busquei
significar os assuntos, pois nós sujeitos só damos significados as
coisas quando percebemos que fazem parte de nosso conhecimento de mundo.
“O homem para conhecer as coisas em si, deve primeiro transformá-las em
coisas para si.”(K.Kosik, Dialética do concreto,p.22)
É assim
que percebo o conhecimento significativo, nós seres humanos, temos a
real necessidade de sentir, tocar, olhar, conhecer aquilo que estamos
sendo, apresentados, isto é, nosso e como perdemos isso quando chegamos
as nossas salas de aula, como pensamos que seremos significativos para
nossos alunos, quanto planejamos aulas de maneiras frágeis e muitas
vezes sem atração, buscando não cair nesta realidade muito comum de
nossas escolas, busquei fazer diferente, planejei aulas que vinham de
encontro com os ”conteúdos” estabelecidos pela professora parceira, mas
com um viés diferente um olhar mais lúdico e com ações mais
participativas entre o grupo, pois acredito na grande importância que
possui o trabalho coletivo, pois como um ditado popular duas cabeças
pensam melhor que uma, neste sentido trabalhei muito o coletivo e o
individual.
O planejamento como ferramenta importante no processo de ensino aprendizagem
Este precisa ser altamente motivador para o sucesso acadêmico de seu educando.
"Planejar é pensar sobre aquilo que existe, sobre o que se quer alcançar, com que meios se pretende agir." (OLIVEIRA. 2007. p.21).(...) "situação orientadora inicial: é a criação de uma situação motivadora, aguçamento da curiosidade colocação clara do assunto, ligação com o conhecimento e a experiência que o aluno traz, propor- sição de um roteiro de trabalho,formulação deperguntas instigadoras."(...) (J.C. LIBÂNEO, Democratização da Escola Pública, p.145)
Iniciei meu estágio buscando levar em conta a realidade de minha
turma parceira juntamente com a realidade da escola. Ao iniciar meu
estágio busquei planejar minhas aulas de forma responsável, pois daria
continuidade aos assuntos trabalhados pela a professora parceira, ao
entrar em sala para observá-los pude perceber como era a turma e seus
ritmos individuais e coletivos, quando iniciei a docência pude colocar
em pratica meu planejamento,busquei dar a ele a flexibilidade e
ludicidade levando em conta a realidade escolar e dos educandos, pois
planejar é fundamental para sabermos o que queremos efetivamente com tal
assunto proposto. Quando falo de flexibilidade no planejamento me
refiro ao fato de efetivamente do mesmo ser construído de forma que
contribua para o ensino aprendizagem, nele precisam ser levados em conta
o tempo e o ritmo de cada educando e isso foi evidenciado em meu
planejamento, que contemplou ações lúdicas, concretas e diálogos,
porque todo o planejamento precisa ter a intencionalidade da ação para a
construção do conhecimento.
“O planejamento enquanto construção-transformação de representações é uma mediação teórica metodológica para ação, que em função de tal mediação passa a ser ... consciente e intencional. Tem por finalidade procurar fazer algo vir à tona, fazer acontecer, concretizar, e para isto é necessário estabelecer as condições objetivas e subjetivas revendo o desenvolvimento da ação no tempo.” VASCONCELLOS,Celso.2005
Portanto o planejamento precisar estar atento nas necessidades dos
alunos, potencializando a construção do conhecimento, pois é planejando
que fazemos uma reflexão sobre o que queremos tal assunto e como
iremos contribuir para o ensino aprendizagem de nossos educandos, pois o
sujeito é profundamente especial neste processo como nos diz Freire: “Na relação ensino e aprendizagem a primeira exigência são as pessoas, depois vêm as técnicas”. (FREIRE,2005 pedagogia da autonomia p135)
O olhar sobre as ações
Ao iniciar minha docência, procurei realizar ações significativas que
levassem em conta o que o aluno trazia consigo sobre o assunto, após
este momento busquei através de meu planejamento proporcionar que os
assuntos fossem significativos para o grupo, houve um assunto em
especial” sistema monetário” onde iniciei este “conteúdo” com eles,
apresentei o sistema monetário brasileiro, as várias moedas que
existiram ao longo do tempo, esta atividade em meu planejamento tinha
como intencionalidade que eles conhecem o dinheiro, bem como, seu valor,
ao longo do trabalho falamos sobre os itens que constituem uma cesta
básica, cesta esta, muito utilizadas pelas famílias, pois muitas são
carentes e ganham cestas pela prefeitura municipal, esta atividade tinha
como intenção que o educando percebesse o valor dos alimentos e quanto
era gasto pelas famílias para garantir o mínimo necessário para seu
sustento, “Porque engajada na formação de educandos, não é possível à
escola alhear-se das condições sociais culturais, econômicas de seus
alunos, de suas famílias, de seus vizinhos”(FREIRE,2005 pedagogia da
autonomia).
Esta atividade foi muito significativa para a
turma, pois além de conversarmos sobre os alimentos e valores fizemos
uma saída de campo onde eles puderam pesquisar e fazer a relação custo
benefício sobre os alimentos, esta atividade foi muito elogiada pela a
escola parceira e também pelas famílias, porque as crianças passaram a
pesquisar os preços e assim ajudar na hora da compra.
Ao ver o
final desta atividade senti-me muito contente com o resultado, pois vi
as famílias participarem das pesquisas. Durante meu estágio fui visitada
por algumas famílias para elogiar o trabalho, outros foram para me
conhecer, pois seus filhos falavam de mim em casa, isso, confesso me
deixou muito contente, pois pude ser significativa para a turma, e assim
aconteceu em outras ações como o bingo que fizemos com antônimos e
sinônimos, as reflexões em ensino religioso entre outras, nestas ações
busquei dar sentido a todos os assuntos propostos e pude observar os
avanços da turma aqueles que eram mais tímidos passaram a participar e
sentir-se parte importante deste processo.
Acredito que o
fato de ter feito um planejamento lúdico e participativo com meus alunos
os ajudou a sentirem-se confortáveis para participarem, exemplo: havia
uma aluna muito tímida que não falava muito e pouco participava, comecei
aos poucos conversar e estimular a sua auto- estima, pois a mesma dizia
não saber ler direito, que nada sabia, mas sentia muito vergonha de se
expor ao grande grupo e assim passei a trabalhar com a oralidade em
grande grupo e assim conseguimos todos ajudar a coleguinha a ficar mais
confiante para expor suas ideias sobre os assuntos. De contra partida
tinha um aluno que não parava quieto estava sempre andando pela sala,
mostrava muita dificuldade de concentração e seu tempo era curto logo se
distraia com outras coisas, pensando nele busquei delegar função como
ser ajudante da turma e cuidar dos colegas, procurei dar mais ludicidade
as aulas, porque assim
chamava sua atenção isso foi muito
importante para que ele participasse das aulas, vejo que observar e
efetivamente olhar meus alunos, fez com que eu pudesse perceber as
especificidades de cada um e pude com isso fazer meu planejamento de
forma coerente e colaborativa para o processo de ensino aprendizagem.“O
formado, desde o principio mesmo de sua experiência formadora,
assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença
definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.” (FREIRE,
1996, p. 22)
Ao longo do curso foi possível ter acesso a
vários documentos como o Projeto Politico Pedagógico, que nos orienta,
quanto ao trabalho pedagógico, é a peça fundamental, ele regulamenta as
práticas e as posturas da escola, ao longo do estágio busquei estar
atenta ao que rege a escola, tendo sempre em vista o que diria o PPP da
escola, o mesmo tem como objetivo preparar o educando para vida, pois
quer que ele seja um ser pensante e critico sobre sua realidade. E
pensando nisso busquei fazer com que os educandos pensassem sobre nossa
realidade enquanto sociedade, em todas as áreas do conhecimento é
necessário, termos esta postura reflexiva sobre nossa Cidade, Estado,
País, relacionando-o com a nossa vida enquanto sujeitos de nossa própria
história.
A contribuição do lúdico para o processo de ensino aprendizagem.
Ao iniciar sua docência é preciso pensar que neste momento, você
estará em contato com diferentes sujeitos, que pensam diferentes, que
possuem tempos e ritmos diferentes e que, portanto, sua postura
contribuirá ou não para a aprendizagem de seus educandos, o simples fato
de escolher uma atividade não é simples na medida, que você precisará
ter ações para que esta aprendizagem aconteça, então é nesta hora que é
importante buscar estratégias que possibilite que a aprendizagem
aconteça de maneira satisfatória. Portanto, chegamos na contribuição que
o lúdico nos traz.
É comum ao entrarmos em uma escola de
educação infantil, observarmos todas as crianças brincando, fazendo
rodas de leituras com suas professoras, utilizando sua coordenação
motora ampla e fina e realizando jogos simbólicos, e porque perdemos
isto quando estamos nas series inicias? Por que nos prendemos tanto nos
currículos e esquecemos que este momento é fundamental na construção
social e cognitiva de nossos educandos? É comum isso acontecer queremos
que eles correspondam as nossas aulas, mas muitas vezes deixamos nossas
aulas entediantes, pois não damos sentidos concretos
a elas é
neste sentido que ao planejar as ações o professor precisa estar atento
as grandes possibilidades que temos, uma simples maneira de organizar
uma turma em circulo fará diferença na hora da leitura, ao iniciar meu
estágio, busquei fazer isso, fazer leituras em roda, jogos, saídas de
campos, usar a tecnologia em prol do conhecimento, ser mais lúdica em
minhas ações, pois assim a turma podia participar de maneira efetiva da
construção da atividade e por contra partida aprendia de forma
significativa, porque era parte integrante desta construção.
Portanto é necessário pensar em situações que favoreçam a aprendizagem e
isso não significa termos matérias de última geração, se tivermos muito
bom, mas não é isso que determinará minha prática, mas sim meu
comprometimento e sensibilidade frente ao processo de ensino
aprendizagem.
Considerações finais
Durante minha
docência busquei colocar em prática toda minha vivência acadêmica, todos
os textos lidos informações adquiridas e trocas com os colegas, que nos
faz refletir sobre qual educador queremos ser, aquele que é engessado
pelo currículo, ou aquele que o adapta a sua realidade e busca
estratégias próprias para assegurar o conhecimento, a segunda
possibilidade é a que melhor se encaixa ao perfil de educadora que
pretendo ser e a que se faz necessária na medida da evolução das
tecnologias, que faz com que os educadores sejam pesquisadores de suas
próprias práticas docentes, pois, se não serão ultrapassados pelas
bagagens de vida de seus educandos, enfim, é necessário que o educador
seja observador, pesquisador, motivador, inovador de sua prática em
quanto sujeito colaborador da construção do conhecimento.
Enfim, para se atuar na educação o educador precisa ser sensível a sua
prática, pois assim sensibiliza á todos que fazem parte, sejam eles
educadores, educandos, família e comunidade escolar, pois estes são
fundamentais quando pensamos em ensino significativo e de qualidade.
“O homem sente: SENTE a Primavera. E o sentir e viver a vida são valorizados: “gostaria de ver vir junto de mim (...) uma jovem (...) com os seus olhos e o seu espírito intrepidamente curiosos, com a sua inteligência e o seu bom senso intactos e que soubesse principalmente sentir e viver a vida” (FREINET, 1969, p. 61).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
BRASIL. MEC – Ministério da Educação e Cultura. Trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos – Avaliação e Planejamento – Caderno 4 –SECAD – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – 2006.
FREINET, Celestin. (1969): A educação pelo trabalho. Lisboa: Editorial Presença (1o Volume).
FREIRE, Paulo. (2005): Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31. Ed. São Paulo: Paz e Terra.
FUSARI,
José Cerchi. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas indagações e
tentativas de respostas. Disponível em:
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_08_p044-053_c.pdf.>
Acesso em 22/06/2014.
HOFFMANN, Jussara M.L. Avaliação: mito e desafio-uma perspectiva construtivista.
Educação e Realidade, Porto Alegre, 1991.
LIBÂNEO, José Carlos, Didática. São Paulo. Editora Cortez. 1994
MENEGOLLA, Maximiliano. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como planejar? 10ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
MORETTO, Vasco Pedro. Planejamento: planejando a educação para o desenvolvimento de competências. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In Revista de Educação AEC Brasília: abril de 1992 (n.83).
VASCONCELLOS, Celso. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995.
SILVA, Rogéria Novo da Silva. Quefazeres necessários à docência:
imperativos à formação permanente. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPel, 2013.
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