UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – POLO BALNEÁRIO PINHAL
2014
REFLEXÕES DA PRÁTICA DOCENTE: Os aspectos motivacionais como indicador para uma aprendizagem significativa.
Cristine A. Cavalcante
Palavras chave: motivação de pais e professores- aprendizagem significativa para o discente
INTRODUÇÃO
Durante
este estudo irei apresentar alguns aspectos primordiais para uma
aprendizagem significativa. Este estudo foi realizado numa escola, situada no Município de Balneário Pinhal\RS, em uma turma
de 3º ano, com crianças de 8 á 11 anos de idade.
Acredito que, sem o aspecto motivacional, a escala de aprendizagem é
bem pequena, já que a motivação para isto, é essencial para as crianças.
Na turma, são poucas as crianças que conseguem ter uma autonomia plena
de escrita e leitura, isto porque os aspectos motivacionais são amplos,
pois os pais das crianças são pais bem participantes da vida estudantil
das mesmas e as crianças estão amparadas emocionalmente para tanto. Também
há crianças que não possuem um suporte por parte dos pais, ou
responsáveis, nesses casos acredito que devemos nos engajar, nos dedicar
ainda mais no suporte dos mesmos, suprindo assim um pouco mais suas
dificuldades e gerando um melhor aprendizado, uma qualificação ainda
maior na aprendizagem dos mesmos.
DESENVOLVIMENTO
Para
Vygotsky, é na Zona de Desenvolvimento Proximal, que a criança
desenvolve a sua aprendizagem, ela trás seus conhecimentos de dentro
para fora, e interage com o meio. Compreendo assim que quanto mais
abordarmos assuntos a serem trabalhados que seja realmente da vivência
dos alunos, eles vão interagir cada vez mais, serão participativos e os
objetivos vão ser alcançados. Ainda
segundo Magda Soares, 1994, a alfabetização representa muito mais que a
aquisição do alfabeto, ela é na verdade um processo pelo qual a criança
constrói as suas hipóteses para o uso efetivo e conversão da língua
oral em escrita e vice e versa.
As
crianças que ainda precisam de maior atenção, são aqueles que ainda não
estão alfabetizados, pois são crianças que não executam as tarefas por
inteiro sem auxílio. Aos poucos, as crianças estão entendendo melhor,
pois os mesmos estão freqüentando aulas de reforço no turno inverso e sucessivamente, estão tendo uma melhora gradual, mas ainda lenta.São crianças que possuem maiores dificuldades, ou seja, em quase tudo,no
reconhecimento das letras, das sílabas, das palavras, na escrita, na
leitura, na compreensão e escrita de uma frase ou pequeno texto. Procurei
dar mais atenção à estes, ajudando, auxiliando, na execução das
tarefas, incentivando sempre, executando exercícios separados e
diversificados, etc. As crianças que conseguem realizar as atividades
com autonomia, são aquelas que já estão alfabetizadas, que no caso desta
turma, são cinco crianças. Os
demais, ainda precisam de ajuda. Estes que estão alfabetizados, vão
realizando as atividades sem problema algum. São raras as vezes que
necessitam de mais explicações para a realização de alguma atividade. Estas crianças alfabetizadas, já lêem bem, o que ajuda e muito na interpretação dos exercícios, textos.
Percebi
que ao longo dos dias que se passam do estágio, os vínculos que criamos
com nossos alunos são excelentes e fundamentais para nossa caminhada
como educadores. Com o passar do tempo, conhecemos melhor cada criança,
suas “manias”, o que gostam de fazer, os que sentem um pouco mais de
indisposição podemos assim tornar a aula cada vez mais atrativa e que
lhes prenda a atenção. Como
muitas vezes terminam os exercícios antes dos outros da turma,
dependendo da ocasião, permito que os mesmos ajudem os demais na
execução dos trabalhos. Outras vezes, permito que peguem os livros de
história da sala para lerem. Num canto da sala, a professora titular,
fez O “Cantinho da Leitura”, onde os alunos podem pegar os livros para
ler.
Aos
poucos, a turma está melhorando, mas ainda têm problemas com relação à
letra cursiva, pois muitos da turma, não reconhecem as letras quando
cursiva, e sim em letras bastão maiúsculas. Toda
vez que houve elaboração de atividades, utilizei do registro a letra
bastão e cursiva, o que tornou a construção e realização mais árdua,
cansativa. A partir da conversa com a professora titular, a mesma me
orientou a utilização apenas da letra cursiva. Em relação aos diferentes estágios de aprendizagem, tive que ir mudando o meu planejamento, ou seja, aperfeiçoando conforme as necessidades de cada um, trazendo atividades que compreendesse melhor o grau de aprendizagem de cada um. Para
aqueles que tinham e ainda tem dificuldades na escrita, procurei
utilizar materiais e jogos disponibilizados pela professora titular. Jogos esses construídos
pelo Pacto, o qual a professora titular participa. São jogos diversos,
alguns com imagens e escrita em duas formas de letras, bastão e cursiva. Alguns
que não conseguiam entender a forma cursiva, aos poucos já estão
identificando e conseguindo ler. Isto me deixou bem contente, e com
certeza, fazendo a diferença.
Quanto
mais ativa é a mente da criança, mais ela é receptiva a novos
conhecimentos. É necessário proporcionar a criança atividades que saciem
seu desejo de aprender, e que a torne satisfeita com suas descobertas e
desafiada nas práticas de rotina diária. Por isso a importância de
incluir atividades que despertem sua criatividade, oportunizando o
contato com diversos materiais que desenvolva a motricidade e a
expressão, com jogos, brincadeiras, danças que serão utilizadas pela
criança como registro para o seu aprendizado. A prática pedagógica nos
proporciona vivenciar situações para as quais nos preparamos para a vida
profissional e essa prática eu sei que estou adquirindo. Segundo
Piaget o conhecimento é construído através da interação do sujeito com o
objeto. O desenvolvimento cognitivo se dá pela assimilação do objeto de
conhecimento a estruturas anterior presentes no sujeito e pela
acomodação dessa estruturas em função do que vai ser assimilado. Para
Piaget, a criança se apodera de um conhecimento se "agir" sobre ele,
pois aprender é modificar, descobrir, inventar. Pelo
meio da brincadeira, as crianças ultrapassam a realidade,
transformando-a através da imaginação. Desta forma, expressam o que
teriam dificuldades em realizar através do uso de palavras. O meu
estágio está maravilhoso, a cada dia que passa, mais compreendo que fiz a
escolha certa.
Nesta
semana, as crianças conseguiram fazer uma pesquisa na internet, leram à
respeito, conversaram e debateram em grupo, para depois, construir um
mural com o assunto pesquisado. Eles adoraram e queriam fazer mais. Na
apresentação do trabalho pesquisado, os grupos se apresentaram muito
bem, alguns com um pouco de vergonha, e apenas dois grupos não se
apresentaram, e um não realizou a atividade para a apresentação. Desde
o inicio do estágio, venho acompanhando estas crianças, as quais não
realizaram o trabalho de pesquisa. São crianças que não tem motivação
para a aprendizagem, conversam muito, brincam muito, e o mais triste, é
que um deles já é repetente. Edgar Morin salienta que: “A incompreensão produz tanto o embrutecimento quanto este produz a incompreensão. A indignação economiza o exame a análise." Como disse Clément Rosset: “A desqualificação por motivos de ordem moral permite evitar qualquer esforço de inteligência do objeto desqualificado de maneira que um juízo moral traduz sempre a recusa de analisar e mesmo a recusa de pensar”.
O resto da turminha são bem interessados, mas falta um empurrãozinho, falta um pulso dos pais e responsáveis, mais responsabilidade com estes que ainda não conseguem.
Foram
quase 30 dias de estágio, e posso dizer que foram os melhores 30 dias
que passei junto à eles. Não fui eu que levei novas aprendizagens a
eles, foram eles que me ensinaram o novo, novas possibilidades, novos
olhares, novos talentos, novas descobertas, novas aquisições, novas soluções, aprendemos uns com os outros, somos seres em construção. Finalmente, posso dizer que: TUDO VALEU A PENA!
“[. . . ] apreendendo as relações entre os objetos e a razão de ser dos mesmos, o sujeito cogniscente produz a inteligência dos objetos, dos fatos, do mundo.” (FREIRE, 1994, p. 225).
A
experiência que adquiri durante meu estágio vai me acompanhar pra
sempre, tenho confiança de que realizei um bom trabalho, mas com certeza
sempre é possível melhorar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprendizagem significativa, ensino prazeroso.
O papel do professor neste patamar é ser o mediador da construção do conhecimento, ser ensinante e aprendente na relação que se estabelecem com os alunos, como expressa Freire (1996): "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." Ensinar é além de passar uma teoria, é expô-la na prática, pois só aprendemos quando vivenciamos algo. O conhecimento não é dado pronto, como algo acabado, bastando o indivíduo assimilar as informações, o conhecimento vai além, ele deve ser vivenciado no cotidiano, exigindo uma apropriação da realidade após uma interiorização. Segundo Moustakas (1967, p.38): “A
educação e a socialização devem não apenas ajudar o indivíduo a se
tornar mais informado, mais seguro, mais efetivo socialmente, mas devem
também habituá-lo a desenvolver o seu self - individual, atualizar os
seus talentos particulares e a viver de uma forma autêntica e crítica.”
Para
desenvolver a criatividade em seus alunos, o professor deve ser
criativo, mas para isto, ele deve estar motivado, assim destaco a
importância de valorizar o ofício de professor. O governo, as escolas e
os próprios professores devem considerar isso o objetivo primordial.
Caso contrário, encontraremos professores cada vez mais desmotivados que
não serão psicologicamente capazes sequer de abordar o problema da
motivação de seus alunos.
Percebi
durante o período de estágio que os alunos estavam mais participativos
das aulas, procuravam esforçar-se para realizar as atividades propostas,
que eles começaram a trazer a família junto com as atividades. É muito
gratificante para você que é apenas um aprendiz ver e entender que a
proposta é bem recebida pelos alunos, que eles participam ativos da
aula.
Acredita - se que o educador que adota em sua metodologia um instrumento crítico para desenvolver os seus conteúdos estará criando,
automaticamente, um agente motivador que fará com que a aprendizagem
seja conduzida e encantada como uma meta a ser conquistada na busca de
um prêmio, o aprendizado. Conforme observações de Tapia e Fita (2001, p.90): “Os
processos de ensino - aprendizagem são satisfatórios quando se
estabelece uma conexão, uma sintonia entre o professor e os alunos, uma
cumplicidade. Isso só determinado professores - artistas são capazes de
fazer. Como nos meios de comunicação audiovisual, alguns profissionais
comunicam mais que outros.” Haidt (2003, p.79) afirma que: "[...]
um professor que gosta do que faz e demonstra seu entusiasmo e
interesse pelo que ensina, tende a ter mais facilidade para incentivar
seus alunos a aprender aquele conteúdo e a se interessar por ele". Destaca-se então
que só se aprende a fazer fazendo, mas sem ter um motivo o indivíduo
não entra em atividade, ou melhor, não se aprende se não estiver
motivado. Percebe-se que a motivação e a criatividade são dois aspectos
que andam juntos e são fundamentais a todos os educadores que primam
pela realização de uma boa aula. Acima de tudo o professor deve fazer o
que gosta, assim estará motivado e preparará aulas criativas que
interessem o aluno de acordo com sua realidade, fazendo com que os
mesmos se mobilizem a buscar respostas para suas inquietações, chegando
assim à aprendizagem. Sabe-se que a motivação vem do "eu", e depende do
professor e também da participação dos pais na vida estudantil da
criança, estimular e provocar o aluno a se interessar pelo assunto
estudado, enriquecendo seus conhecimentos e criando novas idéias,
melhorando assim sua vida em sociedade, tornando-se cidadão crítico,
podendo dar sua parcela de contribuição para melhorar o mundo. Entretanto estou adquirindo uma boa experiência, tudo é um grande aprendizado. “Aprendemos na medida em que ensinamos”.
BIBLIOGRAFIA:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a pratica docente. 26 ed. São Paulo: paz e Terra,1996.
FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina. São Paulo: Paz e Terra, 1994.
FREIRE, Paulo.Pedagogia da Esperança. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
MOUSTAKAS, C. Creativtyandconformity. N. York: D. Van Nortrand, 1967. IN: ALENCAR, E. M. L. S. de. Psicologia da Criatividade. São Paulo: Artes Médicas, 1986.
TAPIA, Jesús Alonso& FITA, Enrique Caturla. A Motivação em Sala de Aula: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.
HAIDT, R. C. C. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática, 2003.
Revista:
Espaço Inovação - Revista Pedagógica - No 9, junho, 20 12Publicação da
ASSERS - Associação dos Supervisores de Educação do Estado do Rio Grande
do Sul.
MORIN, Edgar. Os Sete saberes necessários à educação do futuro, UNESCO/Cortez Editora 2000, edição brasileira.
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