Ensinar para aprender...

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Os aspectos motivacionais como indicador para uma aprendizagem significativa.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – POLO BALNEÁRIO PINHAL 
2014 

REFLEXÕES DA PRÁTICA DOCENTE: Os aspectos motivacionais como indicador para uma aprendizagem significativa. 



Cristine A. Cavalcante 


Palavras chave: motivação de pais e professores- aprendizagem significativa para o discente 


INTRODUÇÃO 

Durante este estudo irei apresentar alguns aspectos primordiais para uma aprendizagem significativa. Este estudo foi realizado numa escola, situada no Município de Balneário Pinhal\RS, em uma turma de 3º ano, com crianças de 8 á 11 anos de idade. Acredito que, sem o aspecto motivacional, a escala de aprendizagem é bem pequena, já que a motivação para isto, é essencial para as crianças. Na turma, são poucas as crianças que conseguem ter uma autonomia plena de escrita e leitura, isto porque os aspectos motivacionais são amplos, pois os pais das crianças são pais bem participantes da vida estudantil das mesmas e as crianças estão amparadas emocionalmente para tanto. Também há crianças que não possuem um suporte por parte dos pais, ou responsáveis, nesses casos acredito que devemos nos engajar, nos dedicar ainda mais no suporte dos mesmos, suprindo assim um pouco mais suas dificuldades e gerando um melhor aprendizado, uma qualificação ainda maior na aprendizagem dos mesmos. 

DESENVOLVIMENTO 

Para Vygotsky, é na Zona de Desenvolvimento Proximal, que a criança desenvolve a sua aprendizagem, ela trás seus conhecimentos de dentro para fora, e interage com o meio. Compreendo assim que quanto mais abordarmos assuntos a serem trabalhados que seja realmente da vivência dos alunos, eles vão interagir cada vez mais, serão participativos e os objetivos vão ser alcançados. Ainda segundo Magda Soares, 1994, a alfabetização representa muito mais que a aquisição do alfabeto, ela é na verdade um processo pelo qual a criança constrói as suas hipóteses para o uso efetivo e conversão da língua oral em escrita e vice e versa. 

As crianças que ainda precisam de maior atenção, são aqueles que ainda não estão alfabetizados, pois são crianças que não executam as tarefas por inteiro sem auxílio. Aos poucos, as crianças estão entendendo melhor, pois os mesmos estão freqüentando aulas de reforço no turno inverso e sucessivamente, estão tendo uma melhora gradual, mas ainda lenta.São crianças que possuem maiores dificuldades, ou seja, em quase tudo,no reconhecimento das letras, das sílabas, das palavras, na escrita, na leitura, na compreensão e escrita de uma frase ou pequeno texto. Procurei dar mais atenção à estes, ajudando, auxiliando, na execução das tarefas, incentivando sempre, executando exercícios separados e diversificados, etc. As crianças que conseguem realizar as atividades com autonomia, são aquelas que já estão alfabetizadas, que no caso desta turma, são cinco crianças. Os demais, ainda precisam de ajuda. Estes que estão alfabetizados, vão realizando as atividades sem problema algum. São raras as vezes que necessitam de mais explicações para a realização de alguma atividade. Estas crianças alfabetizadas, já lêem bem, o que ajuda e muito na interpretação dos exercícios, textos. 
Percebi que ao longo dos dias que se passam do estágio, os vínculos que criamos com nossos alunos são excelentes e fundamentais para nossa caminhada como educadores. Com o passar do tempo, conhecemos melhor cada criança, suas “manias”, o que gostam de fazer, os que sentem um pouco mais de indisposição podemos assim tornar a aula cada vez mais atrativa e que lhes prenda a atenção.  Como muitas vezes terminam os exercícios antes dos outros da turma, dependendo da ocasião, permito que os mesmos ajudem os demais na execução dos trabalhos. Outras vezes, permito que peguem os livros de história da sala para lerem. Num canto da sala, a professora titular, fez O “Cantinho da Leitura”, onde os alunos podem pegar os livros para ler. 
Aos poucos, a turma está melhorando, mas ainda têm problemas com relação à letra cursiva, pois muitos da turma, não reconhecem as letras quando cursiva, e sim em letras bastão maiúsculas. Toda vez que houve elaboração de atividades, utilizei do registro a letra bastão e cursiva, o que tornou a construção e realização mais árdua, cansativa. A partir da conversa com a professora titular, a mesma me orientou a utilização apenas da letra cursiva. Em relação aos diferentes estágios de aprendizagem, tive que ir mudando o meu planejamento, ou seja, aperfeiçoando conforme as necessidades de cada um, trazendo atividades que compreendesse melhor o grau de aprendizagem de cada um.  Para aqueles que tinham e ainda tem dificuldades na escrita, procurei utilizar materiais e jogos disponibilizados pela professora titular. Jogos esses construídos pelo Pacto, o qual a professora titular participa. São jogos diversos, alguns com imagens e escrita em duas formas de letras, bastão e cursiva. Alguns que não conseguiam entender a forma cursiva, aos poucos já estão identificando e conseguindo ler. Isto me deixou bem contente, e com certeza, fazendo a diferença. 

Quanto mais ativa é a mente da criança, mais ela é receptiva a novos conhecimentos. É necessário proporcionar a criança atividades que saciem seu desejo de aprender, e que a torne satisfeita com suas descobertas e desafiada nas práticas de rotina diária. Por isso a importância de incluir atividades que despertem sua criatividade, oportunizando o contato com diversos materiais que desenvolva a motricidade e a expressão, com jogos, brincadeiras, danças que serão utilizadas pela criança como registro para o seu aprendizado. A prática pedagógica nos proporciona vivenciar situações para as quais nos preparamos para a vida profissional e essa prática eu sei que estou adquirindo. Segundo Piaget o conhecimento é construído através da interação do sujeito com o objeto. O desenvolvimento cognitivo se dá pela assimilação do objeto de conhecimento a estruturas anterior presentes no sujeito e pela acomodação dessa estruturas em função do que vai ser assimilado. Para Piaget, a criança se apodera de um conhecimento se "agir" sobre ele, pois aprender é modificar, descobrir, inventar.   Pelo meio da brincadeira, as crianças ultrapassam a realidade, transformando-a através da imaginação. Desta forma, expressam o que teriam dificuldades em realizar através do uso de palavras. O meu estágio está maravilhoso, a cada dia que passa, mais compreendo que fiz a escolha certa. 

Nesta semana, as crianças conseguiram fazer uma pesquisa na internet, leram à respeito, conversaram e debateram em grupo, para depois, construir um mural com o assunto pesquisado. Eles adoraram e queriam fazer mais. Na apresentação do trabalho pesquisado, os grupos se apresentaram muito bem, alguns com um pouco de vergonha, e apenas dois grupos não se apresentaram, e um não realizou a atividade para a apresentação.  Desde o inicio do estágio, venho acompanhando estas crianças, as quais não realizaram o trabalho de pesquisa. São crianças que não tem motivação para a aprendizagem, conversam muito, brincam muito, e o mais triste, é que um deles já é repetente. Edgar Morin salienta que: “A incompreensão produz tanto o embrutecimento quanto este produz a incompreensão. A indignação economiza o exame a análise." Como disse Clément Rosset: “A desqualificação por motivos de ordem moral permite evitar qualquer esforço de inteligência do objeto desqualificado de maneira que um juízo moral traduz sempre a recusa de analisar e mesmo a recusa de pensar”. 

O resto da turminha são bem interessados, mas falta um empurrãozinho, falta um pulso dos pais e responsáveis, mais responsabilidade com estes que ainda não conseguem. 
Foram quase 30 dias de estágio, e posso dizer que foram os melhores 30 dias que passei junto à eles. Não fui eu que levei novas aprendizagens a eles, foram eles que me ensinaram o novo, novas possibilidades, novos olhares, novos talentos, novas descobertas, novas aquisições, novas soluções, aprendemos uns com os outros, somos seres em construção. Finalmente, posso dizer que: TUDO VALEU A PENA! 

“[. . . ] apreendendo as relações entre os objetos e a razão de ser dos mesmos, o sujeito cogniscente produz a inteligência dos objetos, dos fatos, do mundo.”  (FREIRE, 1994, p. 225). 

A experiência que adquiri durante meu estágio vai me acompanhar pra sempre, tenho confiança de que realizei um bom trabalho, mas com certeza sempre é possível melhorar. 


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 Aprendizagem significativa, ensino prazeroso. 
O papel do professor neste patamar é ser o mediador da construção do conhecimento, ser ensinante e aprendente na relação que se estabelecem com os alunos, como expressa Freire (1996):  "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." Ensinar é além de passar uma teoria, é expô-la na prática, pois só aprendemos quando vivenciamos algo. O conhecimento não é dado pronto, como algo acabado, bastando o indivíduo assimilar as informações, o conhecimento vai além, ele deve ser vivenciado no cotidiano, exigindo uma apropriação da realidade após uma interiorização. Segundo Moustakas (1967, p.38): “A educação e a socialização devem não apenas ajudar o indivíduo a se tornar mais informado, mais seguro, mais efetivo socialmente, mas devem também habituá-lo a desenvolver o seu self - individual, atualizar os seus talentos particulares e a viver de uma forma autêntica e crítica.” 
Para desenvolver a criatividade em seus alunos, o professor deve ser criativo, mas para isto, ele deve estar motivado, assim destaco a importância de valorizar o ofício de professor. O governo, as escolas e os próprios professores devem considerar isso o objetivo primordial. Caso contrário, encontraremos professores cada vez mais desmotivados que não serão psicologicamente capazes sequer de abordar o problema da motivação de seus alunos. 
Percebi durante o período de estágio que os alunos estavam mais participativos das aulas, procuravam esforçar-se para realizar as atividades propostas, que eles começaram a trazer a família junto com as atividades. É muito gratificante para você que é apenas um aprendiz ver e entender que a proposta é bem recebida pelos alunos, que eles participam ativos da aula. 
Acredita - se que o educador que adota em sua metodologia um instrumento crítico para desenvolver os seus conteúdos estará criando, automaticamente, um agente motivador que fará com que a aprendizagem seja conduzida e encantada como uma meta a ser conquistada na busca de um prêmio, o aprendizado. Conforme observações de Tapia e Fita (2001, p.90): “Os processos de ensino - aprendizagem são satisfatórios quando se estabelece uma conexão, uma sintonia entre o professor e os alunos, uma cumplicidade. Isso só determinado professores - artistas são capazes de fazer. Como nos meios de comunicação audiovisual, alguns profissionais comunicam mais que outros.” Haidt (2003, p.79) afirma que:  "[...] um professor que gosta do que faz e demonstra seu entusiasmo e interesse pelo que ensina, tende a ter mais facilidade para incentivar seus alunos a aprender aquele conteúdo e a se interessar por ele".  Destaca-se então que só se aprende a fazer fazendo, mas sem ter um motivo o indivíduo não entra em atividade, ou melhor, não se aprende se não estiver motivado. Percebe-se que a motivação e a criatividade são dois aspectos que andam juntos e são fundamentais a todos os educadores que primam pela realização de uma boa aula. Acima de tudo o professor deve fazer o que gosta, assim estará motivado e preparará aulas criativas que interessem o aluno de acordo com sua realidade, fazendo com que os mesmos se mobilizem a buscar respostas para suas inquietações, chegando assim à aprendizagem. Sabe-se que a motivação vem do "eu", e depende do professor e também da participação dos pais na vida estudantil da criança, estimular e provocar o aluno a se interessar pelo assunto estudado, enriquecendo seus conhecimentos e criando novas idéias, melhorando assim sua vida em sociedade, tornando-se cidadão crítico, podendo dar sua parcela de contribuição para melhorar o mundo. Entretanto estou adquirindo uma boa experiência, tudo é um grande aprendizado. “Aprendemos na medida em que ensinamos”. 

BIBLIOGRAFIA: 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a pratica docente. 26     ed. São Paulo: paz e Terra,1996. 
FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina. São Paulo: Paz e Terra, 1994. 
FREIRE, Paulo.Pedagogia da Esperança. São Paulo: Paz e Terra, 2011. 
MOUSTAKAS, C. Creativtyandconformity. N. York: D. Van Nortrand, 1967. IN: ALENCAR, E. M. L. S. de. Psicologia da Criatividade. São Paulo: Artes Médicas, 1986. 

TAPIA, Jesús Alonso& FITA, Enrique Caturla. A Motivação em Sala de Aula: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999. 

HAIDT, R. C. C. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática, 2003. 

Revista: Espaço Inovação - Revista Pedagógica - No 9, junho, 20 12Publicação da ASSERS - Associação dos Supervisores de Educação do Estado do Rio Grande do Sul. 

MORIN, Edgar. Os Sete saberes necessários à educação do futuro, UNESCO/Cortez Editora 2000, edição brasileira.

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